quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Maasai Experience & Kilimanjaro

Num cenário de savana em nada diferente do ‘Out of Africa’, acampámos. Na primeira noite, os rugidos de um leão em movimento, não longe dali, ecoaram pela madrugada, recordando-nos que não estávamos num qualquer camping. As pulsações imediatamente dispararam. Mas só em alguns de nós: ao Joaquim pareceu-lhe ser um elefante e continuou a dormir !!
A meio da tarde do segundo dia partimos para uma caminhada em direcção às Chyulu Hills (as Green Hills descritas por Hemingway), sobre a terra arenosa, avermelhada, de vegetação rasteira, salpicada de acácias com aquele seu inconfundivel perfil. Não ignorando os ruídos da noite anterior, fomos acompanhados por um guia, o N’garuia (qualquer coisa como o ‘gordito’). Os Maasai são conhecidos por enfrentarem leões. Aliás, os felinos evitam-nos. Mas N’garuia não levava nenhuma arma de defesa, nenhuma lança. Apenas carregava o tripé da minha câmara e um telemóvel. No braço esquerdo, peito e costas tinha as marcas de dentes e garras do ataque de um leão, aos 20 anos. Perguntei-lhe se conhecia este terreno. “Não! Não sou daqui”, respondeu. Ele era de Maasai Mara e nós estávamos perto do parque de Amboseli. O ‘à vontade’ dele era algo tranquilizador … Gnús, zebras, avestruzes, girafas e gungas, fugiam à nossa passagem … Outros encontros, não tivemos. Ao fim de duas horas, subimos ao topo de uns enormes blocos de rocha para apreciar o pôr do sol, por trás do Kilimanjaro, coberto por nuvens. Bebemos cerveja Tusker, cantámos e dançámos, já noite escura, com um grupo de fotógrafos Maasai entretanto chegado. De regresso ao acampamento, metemos 17 pessoas num jipe, tivemos um furo e andámos em circulos até encontrar as luzes das tendas.
O terceiro dia foi dedicado a conhecer a aldeia Maasai e seus problemas. Sessão aberta, na ‘igreja’; cantos e palmas; explicação do fenómeno das alterações climáticas; figado e sopa de ‘gordura’, só para homens; os valentes jovens ‘guerreiros’ a fugir da chuva; crianças e mulheres estendem respeitosamente a cabeça para receber o toque de dedos dos anciãos … Imagens inesqueciveis!
Ao quarto dia, o Kilimanjaro despertou descoberto, e sorriu-nos com todo o seu esplendor. Nesse dia fomos ao seu encontro … Subir ao seu cume (5.895m) representou um pequeno desafio para a equipa Ice Care, se comparado com a enormidade do problema do aquecimento global, cujas consequências nos glaciares pretendemos registar. Ali, nas altitudes do Kili (bem como em latitudes elevadas nas próximidades dos pólos) o problema já é permanente. Lá em baixo, nas planicies, os Maasai sofrem com a seca que devasta os seus rebanhos. Também os animais selvagens (zebras e gnús) morrem em grande número, como pudemos constatar. Na Europa, tempestades, secas e inundações, são fenómenos ainda pontuais, mas que sucedem cada vez com mais frequência e intensidade.
(um resumo desta viagem constará do livro ‘Os novos exploradores e a aventura dos sentidos’; mais fotos em:
http://www.facebook.com/album.php?aid=180532&id=613684777&l=3240d3a148)

domingo, 29 de novembro de 2009

sábado, 28 de novembro de 2009

Ice Care #2 - A Partida ...

No dia 6 de Dezembro começa a Cimeira de Copenhaga, e a equipa Ice Care estará a caminho do monte Kilimanjaro. No dia 11 de Dezembro é assinalado o Dia Internacional da Montanha (http://www.fao.org/) e, com alguma sorte, justamente nessa data alcançaremos o tecto de África (5.896m) e os seus glaciares, acrescentando mais simbolismo à segunda expedição Ice Care.
A partida do team Ice Care é já no dia 4 Dez. Seremos 7, incluindo a antropóloga Joana RP que nos guiará na estadia com os Maasai para conhecer os problemas que estes enfrentam, a médica Cristina Pereira da HPP Saúde, e 3 participantes do ‘programa social’, que nos ajudarão a registar a redução dos glaciares do Kili. Na tomada de posições para a próxima cimeira de Copenhaga, a China prometia liderar a redução dos gases de efeito de estufa na próxima década. A India pretendia acompanhar, e os EUA não podiam deixar-se ficar para trás … Mas parece que já estão a recuar nestas intenções!
Ecologia e Sustentabilidade não são apenas uma ‘moda’. O projecto Ice Care (www.icecare.org) pretende reforçar esta ideia, apontando setas para as consequências do problema nos glaciares. Depois do impacto do filme do politico Al Gore, o fotógrafo James Balog publicou um video (19 min.) elucidativo sobre a evidência da redução dos glaciares a um ritmo alarmante. Vale a pena ver: http://www.ted.com/talks/james_balog_time_lapse_proof_of_extreme_ice_loss.html
(ver também www.time.com/time/health, de 2Nov09, e fotografias do Kili em: http://www.facebook.com/album.php?aid=161143&id=613684777&l=574e78d6f5)

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

do capítulo ‘Desporto de intervenção’ …

Trecho do capítulo ‘Desporto de intervenção’, de ‘Os novos Exploradores e a Aventura dos Sentidos’: “A primeira expedição Ice Care decorreu em Junho de 2009, entre Paris e o glaciar Aletsch, na Suiça. No dia 18, estacionei em Interlaken e, de bicicleta, pedalei 54km até Berna, onde dei uma entrevista ao Berner Zeitung antes de embarcar no TGV da tarde, rumo à capital francesa. Cinco horas depois e mais 9 km da Gare de Lyon ao hotel, na Boulevard de Grenelle, encontrei-me com o ZM. Eram 11 da noite. No dia seguinte, pedalámos por baixo da torre Eiffel e fomos dos campos Elísios ao museu do Louvre, até marcarem as 11 da manhã, hora combinada para reunir na sede da UNESCO. Passar a segurança apertada do edificio 7 da Praça Fontenoy não foi tarefa fácil. Um elemento mais zeloso, um russo com cara de Putin (não é pudim!), não queria deixar que estacionássemos as bicicletas dentro do recinto do edifício!? Niet! “Mas, temos as bicicletas carregadas de material, prontas para seguir viagem depois da reunião …”, exclamámos. Preparávamo-nos para entrar vestidos de calções de ciclismo e não tinhamos cadeados, porque isso significava peso extra. Após a chegada de uma assistente de direcção, de alguns contactos telefónicos mais e da espreitadela de um outro colega de função … Niet, niet !! A solução foi a estagiária, uma croata, vir cá fora e ficar de plantão às bibicletas durante a nossa reunião com o Director do Sector da Cultura, o Sr. Kishore Rao. Por ele tomámos conhecimento do fenómeno ‘black carbon’, apenas recentemente estudado: este, demonstra o efeito de aceleração do derretimento dos glaciares provocado pela deposição no gêlo de particulas de dióxido de carbono, libertado por queimadas e outras fontes de poluição próximas. Naquela tarde partimos em bicicleta para percorrer os 647 km que nos separavam de Lauterbrunnen. Devido às limitações de tempo, optámos por fazer rápidamente esta travessia, dando-nos alguma exigência física extra. Carregávamos cerca de 10 kg nas bicicletas de montanha, equipadas com pneus mistos (mais finos e velozes). Demorámos 5 dias e meio, com etapas de 90 a mais de 140 km diários. Nos primeiros dias as etapas mais longas e, na Suiça, as etapas mais curtas (Paris situa-se a uma altitude inferior a 100 metros e a fronteira, nas montanhas do Jura, fica a mais de 900). Nas duas primeiras noites dormimos ao relento, em camas cómodamente improvisadas em campos de trigo. Foram as melhores! Sem contar com o episódio em que o ZM acordou com uma lesma a arrastar-se na sua cara …. Com bom tempo, atravessámos as imensas planicies do centro de França (via Provins-Besançon), cobertas de canhâmo, papoila, trigo e vinha. Transportáva-mos a comida do dia e abasteciamo-nos en route para o dia seguinte. À hora das pausas para comer, o ZM tentava fazer o upload para actualizar os blogues. Eu procurava manter o ritmo e cumprir o plano, mas ainda assim tive que abandonar a ideia de percorrer algumas caminhos mais panorâmicos e secundários. No dia 27, com o título “Papoilas, cânhamo e champagne à Lagardère” deixei o seguinte apontamento no blog http://icecare.blogs.sapo.pt/: No final de uma subida suave, levantei-me do selim e olhei para trás. Um ponto côr de laranja em movimento destinguia-se com nitidez no fundo verde da paisagem. Era o Zé Maria com a sua camisola polar Trango. Ele entretinha-se com o seu iPod, tentando abstrair-se das dores num ombro e num joelho. Eu queria cumprir o plano da etapa. Ele queria fazer uploads no portátil dos filmes e fotos que fizemos. Ambos disfrutavamos das planícies a perder de vista, extensas plantações de papoila (vermelha e rosa), de cânhamo (!?!) e de vinhêdos de Champagne. Mas o melhor foram os campos de trigo que forneceram o acolchoado perfeito para as noites sossegadas nas camas improvisadas sob o céu de estrelas (... e de nuvens). Ao fim de dia e meio a pedalar, o GPS marcava 250 km acumulados (140 do segundo dia). O desnível acumulado (1300 metros) foi suave. Movemo-nos apenas entre os 80 e os 200 metros de altitude. Lá para o 5º dia temos que passar dos 300 aos 900 metros para passar as montanhas do Jura e entrar na Suiça !!!” … (continua ...)

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Hora de Responsabilidade ...

Nos dias conturbados em que vivemos, com os sucessivos escândalos económicos protagonizados pelos nossos politicos (alguns ex-), vem a propósito um trecho do meu próximo livro (já terminado e a aguardar publicação). Não para apaziguar a revolta que sentimos, mas para mostrar que há muito que os desportistas estão num domínio muito superior ao dos politicos, no plano ético e moral.
Em ‘Os novos Exploradores e a Aventura dos Sentidos’, escrevi: «O novelista inglês, Philip Kerr, autor do livro ‘The Book of Lies’, uma antologia de contos de falsidades, explica como as pessoas terão desenvolvido uma atitude de resignação face aos escândalos sem fim, que se verificam no mundo da politica e dos negócios (dos casos de inside trading aos de financiamento de campanhas partidárias, etc). Mas aceitar isso num desportista ou aventureiro, é outra coisa: “o desporto parece ser muito mais importante para as pessoas do que a politica (…) O desporto cruza as fronteiras étnicas e partidárias. Ocupa um dominio superior, e torna-se muito mais decepcionante quando figuras do desporto revelam ser, afinal, como toda a gente”. De acordo com esta análise parece estar o sociólogo australiano, John Barnes, autor do livro ‘A Pack of Lies’ - um estudo da história e sociologia da mentira. Diz ele que “o desporto implica um contraste com as considerações mundanas de trabalhar para ganhar a vida (…) Ser um desportista significa ser altruista.» …
Um amigo (que afinal eu não conheço assim tão bem) queixava-se que para fazer 5 milhões (possivel em Inglaterra mas não em Portigal, dizia) “não basta roubar, é preciso roubar muito” …. Questiono eu: mas porque é que se criou esta mania de que é preciso ter milhões para viver bem ?!? Lembro uma citação de ‘Viagens na minha Terra’ de Almeida Garrett (crónica de 19-07.09, em http://cronicasdozezinho.blogspot.com/): “E eu pergunto … se já calcularam o número de indíviduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, … para produzir um rico. (…) cada homem rico, abastado, custa centos de infelizes, de miseráveis.”
Fernando Nobre, fundador da AMI, conta no seu livro ‘Viagens contra a indiferença’, a longa caminhada de mais de 25 anos da sua “saga humanitária” para combater o que considera “as duas piores doenças da Humanidade: a Indiferença e a Intolerância”. Ora, nesta altura, parece-me que ‘responsabilidade’, ou neste caso a falta dela, é outra das ‘doenças’ que mais afecta a nossa sociedade e caberia neste lote. Falta-nos ‘responsabilidade’ para lidar com os problemas das pessoas, os problemas do país e os do planeta. Neste momento discute-se o futuro do planeta (na preparação da cimeira de Copenhaga) e parece que não há sensibilidade nem coragem politica para tomar as medidas necessárias. Creio que só chega a ver este problema com clareza alguém que passe por uma destas combinações (dose de ironia): inteligência e sensibilidade; muito dinheiro e aborrecimento; educação (académica) e séria degradação das condições económicas (o meu caso). Pede-se responsabilidade e bom senso …

domingo, 25 de outubro de 2009

350 ...

Nada tem a ver com o filme ‘300’, mas tem a ver com ‘guerreiros’ … Este dia 24 de Outubro, foi marcado por mais de 5.000 ‘Acções Climáticas’ em todo o mundo. ‘350’ é o limíte seguro da concentração de carbono na atmosfera e foi esse número que os participantes nas referidas ‘acções climáticas’ quiseram recordar aos politicos e governos (e cidadãos em geral) para os sensibilizar antes de assinarem os acordos de Copenhaga, na próxima cimeira de Dezembro. Enquanto isso, a terceira ‘geração Belmiro’, finalmente, preocupa-se com a redução das desigualdades sociais (capa de uma revista desta semana). São dois aspectos que colidem e constituem o novo paradigma do século para a humanidade – “melhorar a qualidade de vida sem destruir o meio ambiente nessa tentativa”.
Estou a ler a ‘Maravilhosa Aventura da Vida’, de Clara Pinto Correia. Doutorada em biologia celular, Clara fala com humor e rigor científico dos mistérios das nossas origens e de fenómenos curiosos da aventura da vida (as palavras que me levaram a comprar o livro – o meu novo livro chama-se ‘Os novos exploradores e a aventura dos sentidos’ e aborda transversalmente estes temas). Um livro divertido e fundamental, que questiona o leão como rei da selva, mostra a orquídea como uma especialista da adaptação, e demonstra toda a sensibilidade ao analisar o modo como o Homem está a afectar o planeta Terra. Diz ela: “Esta nossa tendência para aprendizes de feiticeiro que provoca resultados adversos quando menos se espera requer urgentemente uma pausa para pensarmos na forma inconsequente e arrogante como lidamos com o nosso planeta. Estamos permanentemente a testar até onde é que podemos ir, e cada vez recebemos mais avisos de que isso só vai dar-nos cabo da vida”. Assim introduzia um tema em que descreve como Mário Molina, um Nobel da Química, descobriu que os CFC afectavam a camada de ozono e concluiu que “o mundo vai acabar”, e como foi necessário o filme ‘Verdade Inconveniente’ de Al Gore para lançar o alerta geral sobre o problema, apesar de os cientistas já falarem do assunto há bastante mais tempo.
Também o projecto Ice Care pretende reforçar esta mensagem, e a expedição Kilimanjaro 09 está aí para o demonstrar. De 4 a 15 de Dezembro, passarei 3 dias com os Maasai, no Quénia, absorvendo as experiências e dificuldades daquela tribo que sofre com sucessivas secas, para depois subir ao cume do Kilimanjaro (5.895m) e medir o seu glaciar em acelerada regressão. Acompanhantes são bem-vindos (mais em http://icecare.blogspot.com/ e http://www.papa-leguas.com/index.cfm?sec=0101000000&ViagemID=136).

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Aventura ao Máximo - errata

Serve este 'post' para repôr alguns cortes feitos pelo editor ao original de 'Aventura ao Máximo' e corrigir alterações feitas, erradamente (refiro-me a erros mais flagrantes detectados).
Omissões:
Pág. 17 – referência de rodapé: “Thomas Fuller (1610-1661), clérigo e escritor britânico”
Pág. 19 – onde se lê: os 3 elementos: terra, água e ar -, bem como de algumas competições; deve ler-se “os 3 elementos: terra, água e ar -, bem como de algumas das provas competitivas que as proporcionam” (as aventuras).
Pág. 60 – onde se lê: Nos primeiros anos do século XXI, surgiu uma nova realidade: o turismo espacial apoiado em alta tecnologia; deve ler-se: “Os primeiros anos do século XXI viram um turismo apoiado em alta tecnologia chegar ao espaço, e abrir novas fronteiras à exploração”.
Pág. 63 – onde se lê: “… ainda que o engenho e as capacidades de resistência e perseverança fossem também postas à prova”; o parágrafo termina com a frase: “Os objectivos eram do tipo: atravessar África por primeira vez, chegar aos Polos pela primeira vez, chegar ao cume de montanhas por primeira vez …”
Pág. 64 – onde se lê: atravessar um oceano de uma forma mais ousada ou ser mais rápido; deve lêr-se: “atravessar um oceano de uma forma mais ousada; chegar mais rápido, descer de um modo diferente, etc (veja-se exemplo do Cervino, na pág. 191)” – nos dias de hoje o Cervino foi ascendido em menos de duas horas e descido de ski.
Nota de rodapé da pág. 191: * apenas em 1931, pelos irmãos Schmid, foi ascendida a sua face norte – um dos 3 ‘problemas’ dos Alpes, além do Eiger e Grandes Jorasses; em 1965, o italiano Walter Bonatti encerrou a sua carreira com a escalada em solitário, por uma nova via e no Inverno, em 5 dias; em 1985, Christophe Profit, fê-lo em 4 horas, reduzindo a face norte do Cervino ao grau de ‘aquecimento’, antes de seguir para o Eiger e G. Jorasses, que completou em 24 horas – depois, reeditou a proeza durante o Inverno, mas em 48 horas; mais informação sobre a diversidade com que se utiliza a imagem do Cervino em http://www.cervintopmodel.com/
Pág. 64 – onde se lê: e, se algo corre mal, há um mais rápido acesso a meios de socorro e técnicas de resgate; estava: “e se algo corre mal, existe ainda um mais rápido acesso a meios de socorro e técnicas de resgate, que deixam de lado a velhinha alternativa de acudir a São Cristóvão, o padroeiro dos viajantes. Resumindo a ideia de Vázquez-Figueroa, o que mais custa realmente, é dar o primeiro passo”.
Pág. 64 – onde se lê: projectos de viagens e expedições de assinalável dificuldade. Antes de referi-los, eis um resumo de algumas histórias curisosas de estrangeiros, façanhas e vidas dedicadas à aventura; deveria estar: “projectos de viagens e expedições de assinalável dificuldade (no capítulo 6) … Antes deles, no entanto, fica um resumo de algumas histórias curisosas, bem como de façanhas e de vidas dedicadas à aventura, por parte de não portugueses”. As páginas 65 e 66 sofreram muitas pequenas alterações, mas a mais significativa é a omissão de alguns exemplos (entre eles os do desporto profissional, cujos protagonistas, por vezes, se transformam nos ‘novos exploradores’). Onde se lê: Para não tornar demasiado extensa a enumeração …; estava: “Para não tornar demasiado exaustiva a pesquisa e análise deste tipo de histórias, deixo de lado estes casos e também outros igualmente muito interessantes, que não cabem no objecto deste livro, como seriam os feitos a nível do desporto profissional e outros recordes curiosos. Muito sucintamente e a título de curiosiade, refiro como exemplo: (…)”
“- a curiosa história de Bernarda Angulo, a espanhola que aos 95 anos, em Janeiro de 2007, se converteu na recordista mundial de natação em 50 metros livres (com 1:58’55’’) e 400 metros livres, na sua categoria. Com essa idade, Bernarda nadava todos os dias e saltava de trampolins de 5 metros, animada pela sua filha que praticava saltos. O mais especial é que até aos 45 anos Bernarda não se tinha lançado à água e só começou a competir depois dos 80 anos, o que a levou ainda a participar em competições internacionais. Tambem foi apenas depois dos 50 que lhe concederam a carta de condução. Nem uma operação às cataratas, nem a fractura de uma perna por atropelo de uma moto, nem a fractura da bacia devido a uma queda em 2005, paravam esta atleta da Gran Canária; …
Ou, os feitos únicos de inúmeros grandes desportistas profissionais da actualidade, que sem dúvida levam o seu esforço ao limíte:
- o inigualável jogador de golf Tiger Woods, norte-americano, filho de mãe tailandesa, que no fim do ano 2000, tinha disputado 112 torneios (desde que se tornou profissional em 1996), dos quais logrou 33 vitórias, 12 segundos e 12 terceiros lugares, ficando 79 vezes entre os 10 primeiros classificados. Conquistou 12 torneios no ano 2000, um record histórico; igualou o record de vencedor de 3 dos 4 Grand Slam numa mesma temporada (o outro havia sido conseguido pelo mitico Ben Hogan, em 1953). A atenção que Tiger recebeu dos media superou em 3 a que se deu à sua compatriota, a actriz Julia Roberts. Tiger tornou-se no principal ícono desportivo dos EUA ao destronar Michael Jordan, a lenda viva da NBA (segundo o “Anuario 2000 - Los Hechos”). No inicio de 2008 acumulava 62 vitórias.
- o ciclista americano Lance Armstrong (ver mais em ‘Apêndice’) anterior triatleta que após recuperar de um cancro ganhou o duríssimo Tour de France em bicicleta, 7 vezes consecutivas, entre 1999 e 2005; o italiano Valentino Rossi, corredor de moto GP, que contava, no inicio de 2007, com 86 vitórias nos mundiais de motociclismo, sendo quem mais se aproximou do recordista absoluto, o tambem piloto italiano Giacomo Agostini, que conta no seu curriculum com 122 triunfos em mundiais e 15 títulos mundiais, nesta modalidade;
- o norueguês Ole Bjorndalen, grande campeão de biatlo, que somou 8 medalhas de ouro em campeonatos do mundo (2002, 2003, 2005 e 2007), alem de 6 medalhas de prata e 8 de bronze; 5 medalhas de ouro nos Jogos Olimpicos (1998 e 2002), além de 3 medalhas de prata e uma de bronze. Ole venceu 72 provas da Taça do Mundo de biatlo, sendo o 1º da classificação geral nas edições de 1998, 2003, 2005 e 2006 (2º classificado em 1999, 2000, 2001 e 2004, e 3º classificado em 2002); e, curioso e inédito, detém uma vitória na Taça do Mundo de ski de fundo (ver mais em ‘Apêndice’);
- o feito da sueca Anja Paerson que, com 25 anos, entrou para a história como a primeira atleta a vencer todas as disciplinas de ski alpino. Com o ouro conquistado a 11 de Fevereiro de 2007, somou 7 medalhas de ouro em Mundiais das 5 especialidades: Slalom (St. Anton em 2001); Gigante (St. Moritz em 2003 e Bormio em 2005), Super-gigante (Bormio em 2005 e Are em 2007), Super-combinada (Are em 2007) e Descida (Are em 2007). Mais espectacular se torna esta proeza se tivermos em conta que estes resultados surgiram pouco depois da recuperação de uma intervenção cirurgica ao joelho devido a uma grave lesão causada por uma caída na temporada anterior;
- o novo portento da natação mundial, o americano de Baltimore, Michael Phelps, que em Abril de 2007 conseguio 7 medalhas de ouro (4x100 livres, 200 livres, 200 mariposa, 200 estilos, 4x200 livres, 100 mariposa e 400 estilos, 5 dos quais consituiram tempos record do mundo), nos mundiais de Melbourne, Austrália. Este feito igualou o do legendário Mark Spitz, o americano que aos 22 anos obteve 7 medalhas de ouro (200 mariposa, 4x100 livres, 200 livres, 100 mariposa, 4x200 livres, 100 livres e 4x100 livres, incluindo tambem 5 tempos record do mundo) nos jogos olímpicos de Munique ’72. Mas Phelps foi o único a conseguir 3 medalhas de ouro em 3 mundiais consecutivos (Barcelona 2003, Montereal 2005 e Melbourne 2007), desta feita nos 200 metros estilos, disciplina em que conseguiu a melhor marca mundial de sempre com 1’54’’98.
- a triatleta portuguesa Vanessa Fernandes sagrou-se campeã mundial de triatlo em 2007, ao vencer as provas de Copenhaga, Madrid, Lisboa, Ishigaki (JPN), Gyor (HUN) e Hamburgo (esta em 1h53’27’’ - o tempo mais rápido da temporada). Foi o primeiro título mundial de Vanessa, depois do titulo nacional e europeu. Em Out. 07, Vanessa venceu o Triatlo de Rhodes, na Grecia, conseguindo, aos 22 anos, o seu 19º titulo absoluto e igualando o record de vitórias em provas da Taça do Mundo, detido pela lendária Emma Snowsill. Em Maio 08, voltou a vencer em Lisboa. O próximo objectivo da campeã do Mundo e já pentacampeã da Europa passa por uma medalha nos Jogos Olímpicos de 2008, para os quais está apurada. Falta-lhe apenas um título olímpico para deter todos os títulos da modalidade, no seu impressionante currículo de vitórias em provas da taça do mundo - um feito inédito na história da modalidade em Portugal (ver mais em ‘Apêndice’).
Isto, sem contar com vários recordes de precocidade batidos por crianças de 5 a 11 anos de idade, em provas de maratona (noticiados pelo jornal espanhol ‘Marca’) que, independentemente de qualquer juizo ético, realizaram tempos de fazer inveja a muitos participantes experimentados; Ou ainda, outros recordes curiosos do Guiness:
- a mais longa jornada de windsurf: 8,120 km (5,045 milhas), por Flavio Jardim e Diogo Guerreiro, ambos brasileiros, que viajaram de Chui até Oiapoque, na costa brasileira, entre 17 de Maio de 2004 e 18 de Julho de 2005, na sua ‘Blue Destination Expedition’;
- a maior quantidade de triatlos ‘Ironman’ terminados num só ano: 14, por Jacques Fox, do Luxemburgo, começando na Malásia, em Fevereiro de 2004 e terminando no Hawai, EUA, em Novembro desse ano (esta prova consta de 4,5 km a nadar, 200km em bicicleta e 42 km de corrida);
- a maior distância remada em 24 horas (rio acima e rio abaixo): 263 km (163.42 milhas), por Matthias Auer, Christian Klandt e Olaf Behrend, alemães do DRUM Rowing Club, de Berlim, Alemanha, a 2 e 3 de Agosto de 2003;
- a descida de ski mais longa do mundo (recorde não homologado): do cume do Mount St. Elias (5.489m), EUA, até ao nivel do mar no Alaska, realizada pelos esquiadores extremos de Kitzbühel, os austriaco Axel Naglich e Peter Ressmann, em Agosto de 2007. A expedição envolveu 11 dias de subida e 3 de descida (cerca de 20 km se traçada uma linha recta do cume ao mar) e foi apenas a 13ª a tentar o cume e a primeira a chegar ao pico do “monstro” nos ultimos 5 anos. O próprio Everest, sendo a montanha mais alta, tem o seu cume a 3.500 metros das estepes tibetanas que a rodeiam;
- a mais rápida volta ao mundo em bicicleta: em 195 dias e 6 horas, por Mark Beaumont. Este escocês, qual moderno Phileas Fogg (personagem criado por Julio Verne), celebrou o seu recorde sob o Arco do Triunfo de Paris, onde regressou a 15 de Fevereiro de 2008, depois de percorrer 30.000km e de pulverizar a anterior marca de 276 dias.
- o recorde de velocidade numa bicicleta de série: 210,4km/h, pelo austriaco Markus Stöckl. A marca, de finais de 2007, foi alcançada em 40 segundos de descida vertiginosa, numa pista de neve de 2.000 metros de longitude e 45º de inclinação, em La Parva, nos Andes chilenos. O recorde absoluto de velocidade pertence a Eric Baronè, com 222km/h, numa bicicleta protótipo. Sem resistência ao vento (atrás de uma viatura), no entanto, John Howard atingiu os 245km/h, em 1983, no deserto de Salt Lake (EUA) – a velocidade, pedalando dessa forma, chegou aos 267km/h, em 1993.”

Erros: Várias citações foram alteradas, algumas com a desculpa da tradução. Tal como o nome próprio ‘Everest’ não devia ser alterado para Evereste (porque mesmo em português não pronunciamos o ‘e’ final), também as citações devem ser respeitadas na integra. Na pág. 14 – a citação de Jordi Pons é: “ ... os homens se afastaram das suas terras procurando novas emoções noutros continentes, desconhecidos por eles até então”, e não pretendi alterar uma virgula.
Pág. 132 – onde se lê: Mário Pardo Desce cedo …; deve ler-se “Desde cedo …” e o texto refere-se a Filipe Palma.
Pág. 157 – onde se lê: orgnização do Rali Transportugal; deve ler-se: “… Raid Transportugal”, como o seu organizador, o falecido José Megre, fazia questão que fosse designado.
Pág. 171 – onde se lê: O mergulho de uma maior altitude: (…), mergulharam, saltando de uma altura que ultrapassava os 16000 pés; deve ler-se: “- o mergulho a maior altitude: (…), a mais de 16.000 pés” - estou a falar de mergulho aquático em altitude, não de saltos de avião …!!!
Pág. 172 – onde se lê: em 2001, a mergulhadora francesa Audrey Mestre bateu o recorde feminino de mergulho livre, conhecido como “no limits” (sem auxílio de uma botija de oxigénio ao longo da descida); deve ler-se: “ …‘no limits’ (sem auxílio de balão de ar)” – referia-me ao balão de ar que é transportado para baixo para, depois de aberto, acelarar a subida (ao falar-se de mergulho livre já se subentende a não utilização de ‘botija’; muito menos de oxigénio, que pode ser mortifero em profundidade, e quando muito de gases de mistura).
Contracapa – onde se lê: Escreveu diversos artigos de viagens e colabora nas revistas Volta ao Mundo e Mundo Náutico; o ‘colabora’ devia ser ‘colaborou’, tal como se lê na pág. 235.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Alterações climáticas e eficiência energética

A ONU juntou em Genebra 2500 peritos de todo o mundo na conferência da Organização Meteorológica Mundial para debater o futuro pós-Quioto. Enquanto isso, na cimeira de Tripoli (Líbia) os países africanos definiam uma posição comum para a cimeira de Dezembro em Copenhaga: “os países pobres precisam de receber ajuda, para se adaptarem” (DN, 02.09.09). Um relatório das Nações Unidas estima em 600 mil milhões de dólares (1% do PIB mundial e 30 vezes mais do que está a ser gasto actualmente com o problema) o valor anual necessário pelos países mais atrasados para que adoptem as tecnologias que permitem reduzir os gases que provocam o efeito de estufa, “responsáveis pela perturbação do clima do planeta”. Os autores defendem um “apoio maciço”, sob a forma de investimento a nivel mundial, para conseguir um crescimento sustentável e mais “limpo”.
Ao mesmo tempo, no Nepal, os países dos Himalaias discutem os riscos das alterações climáticas para os glaciares de montanha. Este é também o alerta que o projecto Ice Care pretende disseminar (http://icecare.blogspot.com/). A próxima expedição, aos glaciares do Kilimanjaro em África, está programada para coincidir precisamente com o início da cimeira de Copenhaga.
Entretanto, a revista Dirigir (2º trimestre 09) assinalava várias ‘ideias verdes’ e ‘tendências’ cujo deselvolvimento pode contribuir para atenuar o paradigma do século – “melhorar a qualidade de vida sem destruir o meio ambiente nessa tentativa” (NG 2008, ‘El pulso de la Tierra’): um aeroporto de Liverpool pretende experimentar uma tecnologia inovodora, reciclando o ar expirado pelos passageiros e convertendo-o em biocombustivel a usar por veículos a diesel; uma empresa desenvolveu o conceito ‘solar road panels’, para pavimentar estradas de forma a captar e armazenar energia solar para fornecer a unidades comerciais e residenciais (www.greencarcongress.com/2009/02/solarroadways.html); investigadores descobriram uma forma de produção de hidrogénio à temperatura ambiente utilizando aglomerados de alumínio (http://feedproxy.google.com/~r/SiteinovacaoTecnologica/~3/AVwrWUDdlGo/noticia.php). Os EUA delinearam programas de eficiência energética que, se aplicados, levariam a uma redução de 22% na taxa de crescimento da utilização de energia em 2030; em 2005 o governo sueco realizou um estudo visando o fim da sua dependência do petróleo (http://www.leonardo-energy.org/call-oil-independence-–-highligts-needenergy-efficiency). Recentemente também a “Eslovénia anunciou que 2/3 do seu território são área protegida, e as ilhas Maldivas anunciaram o abandono total do uso de energias fósseis” (excerto do meu novo livro ‘Os novos exploradores e a aventura dos sentidos’).

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Viajar e encontrar-se ...

Mais passagens do próximo livro, 'Os novos exploradores e a aventura dos sentidos':
Costumo dizer que ‘os portugueses passaram de pobres a comodistas’, para justificar a falta de tradição na prática desportiva e na viagem, e as opções de vida da maioria, que privilegia a segurança material … A partir das décadas pós 25 de Abril, em que o crescimento económico (mais do que um verdadeiro ‘desenvolvimento’) se reflectiu num aumento do poder de compra dos portugueses, este foi direccionado para a aquisição de bens materiais (casa, carro, electrodomésticos, …), quase ignorando os verdadeiros alimentos da alma …. Viajar é um dos investimentos pessoalmente mais enriquecedores mas, infelizmente e geralmente, um dos menos produtivos. Recordo a afirmação do Henrique Moraes, para quem “a viagem é uma das melhores escolas da vida”. Quanto mais não seja para adquirir uma perspectiva do nosso próprio país visto de fora (coisa que faz falta a muitos politicos e autarcas do nosso país).

O escritor e poeta Miguel Torga (1907-1995) via-se como “um novo andarilho”: "No meu sangue há uma ancestralidade nómada pelo menos tão vigorosa como a atracção dos pólos nativo e adoptivo a que regresso sempre. É uma necessidade de caminhar, de devorar léguas, de conhecer terras, de perspectivar o mundo de todos os ângulos." Dos portugueses, escreveu: "É nossa sina não caber no berço. Desde os primórdios que somos emigrantes. O português pré-histórico já era aventureiro, navegador, missionário, semeador de cultura”, mostrando que a ‘falta de tradição’ a que me referi não foi senão um hiato temporário, entre a época dos navegadores e missionários e os tempos modernos, durante o qual os portugueses se dedicaram a amealhar bens materiais …

Com a ajuda de exemplos que nos chegam do estrangeiro e a contribuição de histórias divulgadas em revistas e nos canais temáticos (…), estaremos a saír daquela fase de comodismo geral. Ainda nos admiramos com os hábitos das populações do norte da Europa e o seu uso generalizado da bicicleta ou, como observamos na Suiça, como pessoas de idade superior a 50 e 60 anos esquiam e caminham nas montanhas, com botas, bastões e demais equipamento apropriado. Admirável ! É uma questão cultural, justificamos. Mas, hoje, mais portugueses praticam desporto (ainda que nem todos sejam desportistas), enquanto outros consideram opções menos convencionais de vida, abandonando o seu nicho de segurança e ‘arriscando’ a viver de actividades menos comuns - tornam-se viajantes profissionais (vivem do surf, da fotografia, da organização de expedições …), de acordo com uma sua filosofia própria, na procura da
auto-satisfação e harmonia interior. Entre nós, já despoletaram novos ‘grandes viajantes’. Além dos ‘viajantes desportivos’ - aqueles que realizam expedições de elevada dificuldade (apresentei uma série deles no livro anterior) -, aqui destaco sobretudo experiências de viajantes em distância, em duração, ou ‘em quantidade’. Desde os que vão de mochila e optam por dormir em lugares baratos (e o defendem para justificar a sua ‘arte de viajar’), até aqueles para quem isso não é o mais importante e se alojam em hoteis requintados. Desde os fotógrafos e repórteres, que podem justificar as suas viagens com o trabalho, aos que abertamente se definem como nómadas …. Todos vão em busca de algo. Frequentemente, o encontro consigo mesmos.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Vulcões de Auvergne

«Diz o ditado japonês que ‘aquele que sobe o Monte Fuji uma vez é sábio, aquele que o sobe segunda vez é tonto’. Pois, Doug Szwarc subiu-o 4 vezes seguidas … em 24 horas …. Este tenente da marinha americana, destacado na base naval de Yokosuka (Japão), e 3 companheiros, lançaram-se neste empreendimento no dia 1 de Setembro de 2008. Pretendiam bater o recorde do ano anterior – 3 subidas em menos de 24 horas e 5.000 $Usd de donativos recolhidos, e doados em forma de equipamento ao Orfanato ‘Shunkou Gakuen’. Então, Szwarc e DeGroot subiram 3 vezes ao cume da montanha mais alta do Japão (3.776m), em 23h38m. O novo desafio, ‘4 em 24’ (4 subidas em 24h), equivale à subida do Kilimanjaro num só dia e não representa “um mero acto de vaidade”, como disse Raney, um dos participantes. É que os militares pretendem também alcançar os 10.000 $Usd em donativos, que reverterão para caridade. Este evento recebeu particular atenção dos media japoneses, e contribuio para o estreitamento de laços de amizade entre comunidades japonesas e americanas.»
Este é um parágrafo do meu próximo livro. Demonstra como ‘desporto e viagens de aventura’ estão a evoluir para um novo paradigma: fazer alguma coisa pelo planeta e pelos outros … Chamamos-lhe ‘desporto de intervenção’. É um pouco isso que pretendemos com o projecto Ice Care (actualizações em http://icecare.blogs.sapo.pt/).
Entretanto, na minha última viagem para a Suiça, passei na região de Auvergne (no centro de França) - um nicho de concentrado de vulcões. São mais de 80! Esta cadeia de vulcões única na Europa, representa um conjunto geológico assinalável pois crateras e abóbodas estão pouco erodidas e conservam as suas formas originais. Além dos vulcões, inactivos, o Parque Natural Regional dos Vulcões de Auvergne, uma área de 395.000 hectares, com 670km de caminhos balizados, concentra nascentes como a das águas minerais Volvic, lagos como o Lastioulles ou o Pavin, este com 800 metros de diâmetro e 92 de profundidade, também ele a cratera de um antigo vulcão, aldeias tipicas e castelos …. No centro deste parque, ergue-se o mais elevado vulcão – o Puy de Sancy (1.886m), um strato-vulcão com 1,2 milhões de anos. A cadeia de Puys, onde sobressai o Dôme, é de formação muito mais recente (entre 100.000 e 7.000 anos). Mais em http://www.parc-volcans-auvergne.com/. Numa tarde de céu limpo subi a 3 deles (mais fotos em http://www.facebook.com/album.php?aid=130398&id=613684777&l=09b75cbe22 ): o Montchal (1.411m), o Puy Dôme (1.465m) e Pariou. O Dôme é um simbolo na região, visitado por mais de 400.000 pessoas/ano, sendo que algumas optam por subir a pé e descer com um guia em parapente.
Com estas subidas fáceis, de pouco mais de uma hora cada, mantive-me em forma para o que se seguia (viagem Ice Care) e elevei para 15 o número de cumes de vulcões visitados, incluindo o Kilimanjaro, os Capelinhos e o Pico (nos Açores), Fira, na Grécia, ou Kilauea no Hawai. O Monte Fuji ainda não consta na minha lista ...

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Glaciares em agonia

Nas Crónicas do Zézinho (http://cronicasdozezinho.blogspot.com/ de 11.03.2009), com o título ‘Glaciares Património da Humanidade’, deixei alguns dados sobre a paisagem protegida Jungfrau-Aletsch-Bietschhorn e a redução do glaciar Aletsch (na Suiça). Agora, estive a folhear o livro ‘Gletscher im Treibaus’ (glaciares na estufa), de Wolfgang Zängl e Sylvia Hamberger (edição Tecklenborg Verlag, de 2004), que me foi recomendado por Ralph Manz, representante da WWF em Brig, com quem reuni em Junho, no âmbito do projecto Ice Care (mais em http://icecare.blogs.sapo.pt/). Básicamente, são comparadas fotografias de vários glaciares dos Alpes, tiradas recentemente, com outras dos mesmos locais, feitas no inicio do século XX (entre 1900 e 1940). Não se trata de procurar as ‘7 diferenças’ - estas são óbvias! Outros números preocupantes são adiantados: a temperatura média do ar no Ártico subiu 5º C nos últimos 100 anos; na Antártida, a temperatura aumentou 2,5º C nos últimos 50 anos – com temperaturas acima de 0º, durante o verão; os glaciares da Patagónia argentina e chilena perdem 40 km cúbicos de volume, por ano; o Kilimanjaro perdeu no último século 80% da sua neve e gêlo, prevendo-se que este desapareça por completo entre 2015 e 2020 …

As quantidades de dióxido de carbono resultantes da queima de recursos fósseis, lançadas na atmosfera pelo Homem, acabaram por deixar uma marca indelével em 2003 – neste ano registaram-se temperaturas recorde e o derretimento dos glaciares representou 5 a 10% das perdas totais até então verificadas nas reservas de gêlo dos Alpes, segundo cálculos de pesquisadores suiços. O aquecimento global representa, a prazo, não só o “desaparecimento dos glaciares, mas também uma alteração dramática das condições de vida das populações – com consequências para todos.”
Numa campanha com imagens impactantes, a WWF apresentou um postal com uma caravana de uns 10 camelos que atravessam as areias do deserto em direcção à montanha Cervino (ou Matterhorn) …

sábado, 4 de julho de 2009

Trovoada nos Alpes Rätikon

Aproveitando a embalagem das travessias Paris-Suiça em bicicleta e glaciar Aletsch a pé, prolonguei a minha estadia na Suiça e ascendi ao cume mais alto do Liechtenstein – o Grauspitze, a 2.599m. (dos 9 cumes mais altos da Europa Ocidental por país, com mais de 2.500 metros de altitude, falta-me agora apenas um).
Quando após umas 9 horas a caminhar pelas montanhas dos Alpes Rätikon (os que separam Suiça e Liechtenstein) fiquei sem água, fui surpreendido no cume do Falknis (2.560m) por uma estrondosa trovoada. Mas dessa água eu não queria beber … Era hora de apressar a descida !

Mais fotos no Facebook: http://www.facebook.com/album.php?aid=127471&id=613684777&saved#/album.php?aid=127471&id=613684777

Para quem queira ver a entrevista sobre o projecto Ice Care ao Berner Zeitung, em alemão (!!!), ver em: http://www.bernerzeitung.ch/region/thun/Von-Paris-nach-Lauterbrunnen-mit-dem-Velo/story/15267721 ou http://www.icecare.org/Media/Detalhes/1000263.ice

terça-feira, 30 de junho de 2009

Ice Care na Suiça / in Switzerland

Entre 19 e 27 de Junho de 2009, percorremos 641km em bicicleta, de Paris a Lauterbrunnen (Suiça) e andámos 13 horas e meia para atravessar o glaciar Aletsch.
No dia 18 encontrei-me com o Zé Maria às 11 da noite em Paris (depois de percorrer 54 km em bicicleta até Berna para aí tomar o TGV até à Gare de Lyon e percorrer os 9 km que me separavam do Hotel). No dia 19 reunimos com responsáveis dos Sitios Naturais Património da Humanidade, na UNESCO, após o que partimos nas bicicletas …. Após 5 dias e meio a pedalar, com duas das noites mais bem dormidas passadas ao relento e um jantar de esparguete oferecido por uma amiga em Berna, chegámos a Lauterbrunnen. Foi no dia 24 à tarde. Às 6 da manhã de dia 25 já subiamos ao Jungfraujoch para descer e atravessar o mais longo glaciar da Europa – o Aletsch. O guia, Herb (Grindelwald Sports), conduziu-nos por entre as fendas do glaciar e contou-nos interessantes histórias. Na rocha, junto às escadas de acesso ao refúgio Konkordia, colocámos uma placa assinalando o nivel do glaciar. Recolhemos dados, fizemos fotografias, medimos as coordenadas de pontos do glaciar e constatámos a sua redução em altura: - 30 metros desde 1965. No dia 26 descemos da montanha para Fiesch (em Wallis) e reunimos com um representante da WWF, em Brig. Ao final do dia chegávamos de novo a Lauterbrunnen, exaustos, para fazer um balanço e comemorar o resultado da primeira expedição Ice Care, e preparar o regresso apressado a Portugal. Um resumo desta viagem faz parte do meu proximo livro ...Between the 19th and the 27th June 2009, we rode 641 km on our bicycles, from Paris to Lauterbrunnen (Switzerland), after which we’ve walked 13 hours to cross the Aletsch glacier.
On the 18th I met Zé Maria at 11pm, in Paris (after riding 54km to get to Bern and catch the TGV till the Gare de Lyon, where I rode another 9km to reach the hotel). On the 19th we met with dignitaries from the UNESCO, responsible for the World Patrimony Natural Sites, after which we’ve started riding our bicycles to Switzerland …. After 5 and a half days riding, with two nights well spent under the stars and a spaghetti dinner offered by a friend in Bern, we’ve arrived in Lauterbrunnen. It was the 24th of June. At 6am the next morning we were walking up the mountain to reach the Jungfraujoch and walk down to cross the longest glacier in Europe – the Aletsch. Our guide, Herb (Grindewald Sports), lead the way around the crevasses of the glacier and told us interesting stories. On the rocks, next to the stairs that give access to the Konkordia Hut, we have drilled and placed a sign marking the present level of the glacier. We’ve collected information, took photos, measured coordinates of certain spots of the glacier and realized its reduction in height: - 30 meters since 1965. On the 26th we walked down the mountain to Fiesch (in Wallis) and met with the delegation of the WWF in Brig. By the end of the day, we were back in Lauterbrunnen, exhausted, for a first analysis and to commemorate the results of the first Ice Care expedition. After this, some of us had to go quickly to the airport to return to Portugal. The story of this journey will be part of my next book ...
See more fotos in my Facebook album.

domingo, 24 de maio de 2009

Portugal Bike Tour 09













Atravessar Portugal em bicicleta ?!? Treino de preparação, divulgação de um projecto, promoção de um livro, revisitar uma pessoa amiga, fotografar as Aldeias Históricas ??? Todos estes motivos podiam fazer parte da lista que deu origem à minha volta em bicicleta, mas o objectivo central era um único: chegar a Chaves a pedalar!
A 14 de Maio parti de Setúbal num ferry da manhã. Em Tróia comecei a pedalar, a pedalar, a pedalar, … Por 8 dias sem parar! Até que, ao fim de quase 1.000 km, cheguei a Chaves !?! Claro que os meus planos se foram alterando e adequando pelo caminho. Alguns motivos foram ficando para trás enquanto outros ficavam mais definidos. O objectivo último mantêve-se.
Queria atravessar Portugal, do Algarve a Bragança, mas ao meter-me por caminhos secundários e em mau estado percebi que isso me levaria a necessitar de muito mais tempo do que o tempo disponível. Então, em vez de alcançar a barragem de Santa Clara (fronteira com o Algarve) comecei a derivar para sudeste por alturas de Ourique. Cheguei a Almodôvar e apenas espreitei a Ribeira de Vascão, antes de girar para norte e continuar por Mértola. Segui sempre junto à fronteira. Também por escassez de tempo, retirei Bragança do plano e, a partir de Figueira de Castelo Rodrigo, pedalei directo a Chaves.
Como treino de preparação (componente física, equipamento e logistica) este tour revelou-se útil. É que quero estar em forma para a travessia Paris-Berna de 600km que eu e o Zé Maria vamos percorrer dentro de 3 semanas, no âmbito do projecto Ice Care. Este projecto de desporto de intervenção (http://www.icecare.org/), levar-nos-á a cumprir determinadas travessias para terminar nos 5 glaciares definidos pela UNESCO como estando em perigo de derreter (as suas localizações: Sitio Natural Jungfrau-Aletsch-Bietschhorn, na Suiça; Mount Kilimanjaro National Park, na Tanzânia; Ilulissat Icefjord, na Groenlândia, Dinamarca; Sagarmatha-Everest National Park, no Nepal; Parque Nacional Huascarán, no Peru). Nestes Parques pretendemos registar e dar a conhecer a acelerada contracção que os glaciares têem vindo a sofrer.
O equipamento Berg, Silva e TrangoWorld, cedidos por empresas apoiantes, tinha que ser testado em condições reais, ajustado e optimizado. A condição física e a logistica, uma semi-autonomia com etapas de duração superior a 100 km, tinha que ser comprovada. E foi!
A divulgação directa do projecto Ice Care, não fazia muito sentido no interior do país onde uma população mais envelhecida tem menos acesso à internet (o nosso meio de divulgação por excelência). Se consegui captar a atenção de 4 ou 5 pessoas, já foi muito. De certeza uma ou duas seguirão o nosso site e blogs.


Promover o livro “Aventura ao Máximo”, que recentemente escrevi, teria pouca expressão, pelo pouco tempo que parei em cada lugar. Mas transportar um exemplar na mochila para oferecer a uma pessoa querida que havia cuidado de mim em criança e a viver em Chaves, foi uma forte motivação e determinou o ponto de chegada. Sim, revisitar uma pessoa que não via desde há muitos anos parece-me o melhor dos motivos para justificar o destino … Quanto às Aldeias Históricas, algumas ficavam em caminho e não resisti a parar para uma fotografia. Outras, a apenas alguns quilómetros fora de rota (Marvão, Sortelha, Monsanto), ficaram para outras núpcias pois mesmo pequenos desvios em terrenos desnivelados como os das Beiras, como cedo percebi, comprometiam o esforço físico diário requerido.
Os meus repetidos agradecimentos aos Bombeiros de Portalegre e de Vila Flôr (respectivamente ao Sr. Alberto e ao Sr. Comandante), e ao Quim, dos Bombeiros de Idanha-a-Nova, grande fã do ciclismo, pela disponibilidade e apoio prestado. Mais fotos: http://www.facebook.com/home.php?#/album.php?aid=117593&id=613684777&ref=mf

Etapas
1- Tróia-Ourique (via Santiago do Cacém, 135km); 2- Ourique-Mina de S. Domingos (via Almodôvar e Mértola, 117km); 3- Mina S.D.-Monsaraz (via Mourão, 126km); 4- Monsaraz-Portalegre (via Jerumenha, 108km); 5- Portalegre-Idanha-a-Nova (via V.V. Ródão e Castelo Branco, 128km); 6- Idanha-Almeida (via Penamacor e Sabugal, 125km); 7- Almeida-Vila Flôr (via Castelo Rodrigo e V.N. Foz Côa, 100km); 8- Vila Flôr-Chaves (via Mirandela e Valpaços, 76km); A duração de cada etapa variou entre as 9 e as 12 horas diárias, sendo que o tempo efectivo a pedalar foi, em média, superior a 7 horas.

Equipamento
TrangoWorld: roupa de montanha (polar e impermeável) e material de campismo (saco cama ‘Mountain TR 30’ e colchonete auto-insuflável ‘skin micro-lite’); Berg (bicicleta Torah 9.5, capacete Raden e acessórios); Dual Brand (bússola e frontal Silva, canivete multifunções Gerber).

segunda-feira, 30 de março de 2009

Trecho do novo livro ‘Os Novos Exploradores e a Aventura dos Sentidos’

Segundo o ‘Índice Planeta Feliz’ de 2006, da Fundação Nova Economia, com toda a relatividade de uma medição desta natureza, os países ricos do norte da América e Europa apresentam, sem surpresas, os mais altos índices de felicidade ("Muito feliz"). Dinamarca e Suiça encabeçam a lista. Estudos demonstraram uma relação directa entre o nivel de educação de uma população e a sua felicidade. Poderiamos intuir aqui, também, uma relação entre riqueza material e felicidade …. No entanto, alguns estados insulares (ilhas das Caraíbas, Malta, Seychelles, ilhas do Pacífico), além de Emiratos Árabes, a Nova Zelândia, a Malásia e o Butão, surgem também entre os 25 primeiros. A China, que apresenta um rating de "Feliz", parece estar a atravessar um momento de grande crescimento económico e ainda maior de degradação ambiental - um estado de frenesim, contraditório com a imagem tradicional do estilo contemplativo do seu povo, com a prática do Tai Chi, com as filosofias confúcianas e budistas, e com o velho provérbio: "Se queres um ano de prosperidade, planta trigo. Se queres dez anos de prosperidade, planta árvores. Se queres cem anos de prosperidade, educa as pessoas". Ou talvez os chineses estejam a apostar sómente nos 10 anos de prosperidade …!?
De acordo com o documentário ‘Os rios e a vida - Yangtze’ (in, canal NG, 07.10.08), o sistema politico chinês exige "o sacrifício pessoal em nome de um bem maior". Isto significa: ‘sacrifica-se o povo e sacrifica-se a paisagem’ … Em 1998, as cheias do rio Yangtze alcançaram um recorde de 53 metros de altura, inundando uma área igual à da Nova Zelândia. Este facto obrigou à deslocação de 14 milhões de habitantes e originou custos de 30 mil milhões de dólares. Por outro lado, pressionou a decisão de construir a Barragem das Três Gargantas, com mais de 100 metros de altura e 2 km de largura, para domar as águas do Yangtze. A nova barragem, a maior alguma vez construida, vê-se do espaço e, como tal, é considerada ‘a segunda Muralha da China’. O projecto, que empregou 20.000 pessoas e custou 20 mil milhões USD, não deixa de ser controverso. A sua capacidade de controlar as águas é contestada, nomeadamente porque está construida sobre uma fenda geológica e porque, como assinalaram cientistas, o peso do reservatório pode provocar o efeito de um tremor de terra se a barragem ceder, o que originaria uma catástrofe com 75 milhões de habitantes em perigo. Em 2004 o nivel da água subio 50 metros a montante da barragem, provocando o desaparecimento da zona antiga da cidade de Vuhan. 1000 zonas arqueológicas foram também perdidas, bem como terras ricas para a agricultura e sustento de muitas familias.
A China está a ser urbanizada (em especial as novas cidades nas margens do Yantze) mais depressa do que qualquer outro país. O crescimento económico trazido pela barragem das 3 gargantas produz agora uma poluição descontrolada que está a destruir o rio (e os afluentes). O Yangtze absorve mais de 40% do lixo da China, enquanto 400 milhões de habitantes utilizam a sua água para beber. 70% das suas águas estarão inutilizadas em 5 anos. A contenção do lodo na barragem provoca problemas a jusante, nomeadamente no delta, uma das áreas mais densamente povoadas do globo - os pântanos encolhem, afectando o eco-sistema do rio e levando ao desaparecimento de espécies (o golfinho Banji foi considerado extinto). O Yantze está "encurralado num ciclo de crescimento" e a China pode estar a hipotecar o seu próprio futuro ao não poder sustentar aqueles niveis de crescimento …
(mais sobre o tema ‘crise’ nas crónicas 10, 13 e 14 de http://cronicasdozezinho.blogspot.com).

segunda-feira, 23 de março de 2009

A publicação de ‘Aventura ao Máximo’

Só no inicio de Março tive acesso a um exemplar do meu próprio livro ‘Aventura ao Máximo’. Devo dizer que fiquei orgulhoso com a edição e encantado com o aspecto, mas decepcionado com o conteúdo. Explico: as fotografias estão tão mal que mais valia não estarem (os originais são de qualidade); os cortes, omissões e alterações ao texto são de tal modo abusivas que não podem ser senão obra de um obsessivo ... (foram alteradas, inclusive, palavras da minha dedicatoria e citações de terceiros !?!; foram alteradas palavras que constituem nuances que apenas devem pertencer ao autor – ‘performance’ por desempenho, ‘resumo’ por suma, ‘kayak’ por caiaque ...; e outras que desvirtuam o sentido da frase – ‘balão de ar ...' por botija de oxigénio …; a mais abusiva talvez seja a de mudar ‘… colaborou com Volta ao Mundo, Mundo Nautico…’ para "colabora nas revistas …"!?!). Na verdade, parece-me que não houve um parágrafo que não tenha sofrido modificações. Não surpreende, pois, que demorem tanto tempo a preparar uma edição. Finalmente, o número de exemplares da edição não consta no próprio livro ...
Tenho recebido feedback positivo de leitores e amigos sobre o livro, mas quase sempre me referem a má imagem das fotografias … Peço aqui as minhas desculpas aos leitores, pois as alterações e omissões efectuadas pelo editor em nada beneficiaram a publicação (pelo contrário, desvirtuam e empobrecem o original do autor) . Ainda assim, o leitor não perde o essencial da informação.
A minha segunda proposta sobre o tema viagens de aventura - ‘Os novos exploradores e a aventura dos sentidos’ (ou Aventura ao Máximo II) está practicamente finalizada. Estou esperançado de que tenha melhor sorte na edição e na promoção …

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Novo livro para breve ???


‘Aventura ao Máximo – os novos exploradores lusos’, está à venda desde 11 de Dezembro ‘08 (duas semanas de atraso em relação ao previsto). Tenho recebido vários mails e telefonemas em que me dizem que não encontram o livro. Bom sinal seria que a edição tivesse esgotado !!! Mas não é bem o caso. A tiragem não foi, provavelmente, muito elevada, e as livrarias mantêm stocks baixos. As encomendas podem ser feitas em quase todas as livrarias (sei que a Bertrand ‘não trabalha’ com a Europa-América), ou directamente em www.europa-america.pt, por e-mail para secretariado@europa-america.pt, ou telefone 21.9267702.
Entretanto, tenho quase terminado (faltam algumas entrevistas e outros detalhes) um segundo livro sobre o mesmo tema: viagens e aventuras. O titulo será: ‘Aventura ao Máximo II – os novos exploradores e a aventura dos sentidos’.
Neste novo volume, apresento novas histórias de exploração e aventura, e procuro a ligação entre as viagens e o sentimento de aventura, propondo diferentes abordagens desta temática, como por exemplo: a utilização das viagens como terreno de eleição para o ‘desporto de intervenção’ e campo favorito para a ‘exploração dos sentidos’… Se no primeiro livro apresentava uma perspectiva evolucionista da exploração e as aventuras mais marcantes e mais ‘hard’ de cada época, neste vou apresentar uma visão mais filosófica das viagens de exploração, a sua vertente ecológica, as motivações e sentimentos subjacentes. Como tal, o novo livro não representará, em absoluto, uma continuação linear do primeiro, ainda que, por vezes, faça alusão a passagens da recolha anterior e actualize alguns textos. Por outro lado, desesenvolvo um pouco algumas das minhas experiências pessoais para ilustrar determinados temas. Falando de grandes viajantes, retrato outras experiências não consideradas ‘extremas’, mas ‘grandes’ em duração, em distância e em quantidade …. O tema ‘Polémicas históricas’ introduz interessantes histórias de viajantes postas em causa, enquanto que em ‘Desporto de Intervenção’, deixo um apelo à Conservação, apenas possivel com politicas de ‘desenvolvimento sustentado’ e não de frenesim de crescimento irresponsável como o que se viveu na última década. No último capítulo, assinalo exemplos da ‘arte da natureza’ e proponho ‘coisas dignas de serem vistas’, e sentidas, por esse planeta fora (montanhas, ilhas, lugares, percursos, destinos, fenómenos …). No fundo, procuro "uma vista-de-olhos fresca sobre este assombroso e pequeno planeta", para ajudar à consciência de que: "A natureza não é um jogo. É um dom"!
Eis o índice:
1 – Introdução
Viagens e Aventuras ao longo dos tempos
2 - Actualidade
Outros feitos, novas histórias
Histórias da neve
Histórias de montanha
Aventuras nos Andes
Epopeias marítimas …
Grandes viajantes modernos
Novas histórias de portugueses
3 – Outras histórias, outros âmbitos …
Polémicas históricas
Desporto de intervenção
4 – O dom da Natureza e a aventura dos sentidos
Dados do Planeta
Os Oceanos da Terra
Os Continentes
Os Desertos
As Montanhas
A Aventura dos sentidos
As Maravilhas do Mundo

Entre os protagonistas das várias histórias, estão: Mattias Giraud, Harry Egger, Joe Redington, Alexandre Mackenzie, Warren Harding, Alain Robert, Marcus Tobia, Erling Kagge, Evelyne Binsack, Doug Scott, La Condamine, Piotr Chmielinski, William Bligh, Robin Knox-Johnston, Lewis Pugh, Martin Strel, Peter Pinney, Dean Karnazes, Ludovic Hubler, Fran Sandham, Thomas Sbampato, Genuino Madruga, João Cabeçadas, Jorge Vassalo, Maria Assunção Avillez, Miguel Arrobas, Nuno Lobito, Nuno Pedrosa, …
Certamente, este novo volume não estará disponivel para venda antes do final de 2009. Apenas posso prometer que continuarei a actualizar estas informações. Espero que o primeiro livro esteja a ser apreciado, como uma compilação fundamental que deve interessar a qualquer espirito aventureiro e viajante em geral …



foto: ilha de Moorea, Polinesia francesa, uma das fotos/destinos do livro