quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Maasai Experience & Kilimanjaro

Num cenário de savana em nada diferente do ‘Out of Africa’, acampámos. Na primeira noite, os rugidos de um leão em movimento, não longe dali, ecoaram pela madrugada, recordando-nos que não estávamos num qualquer camping. As pulsações imediatamente dispararam. Mas só em alguns de nós: ao Joaquim pareceu-lhe ser um elefante e continuou a dormir !!
A meio da tarde do segundo dia partimos para uma caminhada em direcção às Chyulu Hills (as Green Hills descritas por Hemingway), sobre a terra arenosa, avermelhada, de vegetação rasteira, salpicada de acácias com aquele seu inconfundivel perfil. Não ignorando os ruídos da noite anterior, fomos acompanhados por um guia, o N’garuia (qualquer coisa como o ‘gordito’). Os Maasai são conhecidos por enfrentarem leões. Aliás, os felinos evitam-nos. Mas N’garuia não levava nenhuma arma de defesa, nenhuma lança. Apenas carregava o tripé da minha câmara e um telemóvel. No braço esquerdo, peito e costas tinha as marcas de dentes e garras do ataque de um leão, aos 20 anos. Perguntei-lhe se conhecia este terreno. “Não! Não sou daqui”, respondeu. Ele era de Maasai Mara e nós estávamos perto do parque de Amboseli. O ‘à vontade’ dele era algo tranquilizador … Gnús, zebras, avestruzes, girafas e gungas, fugiam à nossa passagem … Outros encontros, não tivemos. Ao fim de duas horas, subimos ao topo de uns enormes blocos de rocha para apreciar o pôr do sol, por trás do Kilimanjaro, coberto por nuvens. Bebemos cerveja Tusker, cantámos e dançámos, já noite escura, com um grupo de fotógrafos Maasai entretanto chegado. De regresso ao acampamento, metemos 17 pessoas num jipe, tivemos um furo e andámos em circulos até encontrar as luzes das tendas.
O terceiro dia foi dedicado a conhecer a aldeia Maasai e seus problemas. Sessão aberta, na ‘igreja’; cantos e palmas; explicação do fenómeno das alterações climáticas; figado e sopa de ‘gordura’, só para homens; os valentes jovens ‘guerreiros’ a fugir da chuva; crianças e mulheres estendem respeitosamente a cabeça para receber o toque de dedos dos anciãos … Imagens inesqueciveis!
Ao quarto dia, o Kilimanjaro despertou descoberto, e sorriu-nos com todo o seu esplendor. Nesse dia fomos ao seu encontro … Subir ao seu cume (5.895m) representou um pequeno desafio para a equipa Ice Care, se comparado com a enormidade do problema do aquecimento global, cujas consequências nos glaciares pretendemos registar. Ali, nas altitudes do Kili (bem como em latitudes elevadas nas próximidades dos pólos) o problema já é permanente. Lá em baixo, nas planicies, os Maasai sofrem com a seca que devasta os seus rebanhos. Também os animais selvagens (zebras e gnús) morrem em grande número, como pudemos constatar. Na Europa, tempestades, secas e inundações, são fenómenos ainda pontuais, mas que sucedem cada vez com mais frequência e intensidade.
(um resumo desta viagem constará do livro ‘Os novos exploradores e a aventura dos sentidos’; mais fotos em:
http://www.facebook.com/album.php?aid=180532&id=613684777&l=3240d3a148)