quarta-feira, 27 de julho de 2011

Preparação para a grande Travessia

Depois do Desafio 3 Peaks, no Reino Unido (fotos em posts anteriores e vídeo em http://www.youtube.com/watch?v=b9UXfAwCg0sww.youtube.com/watch?v=b9UXfAwCg0s), seguiu-se o cume mais elevado da Noruega (http://www.youtube.com/watch?v=q2DHyNo5cp4) – outro para a lista dos ‘mais elevados da Europa, por país’. Após mais alguns treinos nos cumes de Serra Nevada, nos últimos dias do mês, espero ficar ‘no ponto’ para subir o Cho Oyu (8.200m), nos Himalaias, com os esquis às costas. Nesta expedição (partida no final de Agosto) - de volta ao tema da consciencialização para a redução dos glaciares - conto com as neves das monções para me facilitar a descida do cume a esquiar.
Esta aparente euforia de cumes parece servir de compensação para o verão de abstinência de 2010 (reabilitação), mas não! Também esta actividade se destina a lançar o meu próximo desafio, previsto para 2012: atravessar o oceano Atlântico num barco a remos!
Os propósitos desta travessia, conforme o ‘dossier do projecto’ (http://travessiaoceanica.blogspot.com), são: homenagear os navegadores portugueses, seguindo a rota de Pedro Álvares Cabral até ao Brasil, e os aviadores pioneiros, Gago Coutinho e Sacadura Cabral, 90 anos depois da que foi a primeira travessia aérea do Atlântico sul; levar uma mensagem de alerta para o problema crescente das ‘Alterações Climáticas’, em geral, e da desflorestação da floresta amazónica, em particular, relembrando a necessidade de praticar a sustentabilidade, recorrendo a energias alternativas; e estender ao povo brasileiro, guardião daquele tesouro da Terra, um abraço com votos do reforço dos laços que nos unem.
A rota será feita, remando em solitário, entre Marrocos/ilhas Canárias/Cabo Verde e Natal/Brasil, numa extensão de cerca de 4.500 km de oceano e uma duração esperada de 110 dias. O inicio da viagem está previsto para o final do ano de 2012, estando destinado o verão desse ano para treinos ao longo das costas algarvias.

Nas vésperas do lançamento do meu novo livro ‘Os novos exploradores e a aventura dos sentidos’ (http://www.bubok.pt/libros/3592/Os-novos-exploradores-e-a-aventura-dos-sentidos), espero ter oportunidade de fazer uma apresentação ‘oficial’ deste e do projecto de travessia ‘Paraguaçú 2012’ - http://paraguacu2012.blogspot.com. Recordo que continúo à procura de entidades interessadas em participar, e qualquer apoio e patrocinio a esta iniciativa é bem vindo.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Crónicas da Noruega I

A Noruega é liiiiiiinnda!
As cascatas (maioritariamente, verdadeiras cataratas) são tão comuns que nem estão assinaladas como pontos de interesse e nem os locais param para as admirar! Mal se conhecem vedações, nas casas como nos campos. As velocidades em estrada são muito reduzidas (80km/h em geral, 100, raramente) e, embora não sejam cumpridas escrupulosamente, as autoridades têm a amabilidade de revelar onde estão colocados os radares. Uma limpeza... imaculada que só visto! Bom, imaculada, imaculada...!! No cume do Glittertint encontrei uma pedra chata sobre a neve com uma dezena de moedas em cima, deixadas por alguém muito supersticioso, e uma beata, deixada por alguém para quem aquele ar de altitude não era suficientemente puro! Claro, não me fiz rogado, e não sendo eu a divindade que vai satisfazer os desejos mais descabelados daqueles crentes, aceitei parte da simpática oferenda ... Mas nada que se compare com o cume do Ben Nevis (Escócia) onde se diz que há mais cascas de banana do que rochas! Enfim, a Noruega é um postal, como o de uma Suiça com menos habitantes por km2 a viver junto às margens dos lagos e enseadas sem utilizar tanto a montanha.
Glittertint, que soa como o Ramalho Eanes a pedir um ‘litre de tinte’, e que por isso a alcunhei de ‘Tinto’, é a montanha que em tempos se julgou ser a mais alta da Noruega. Isto até que, há pouco mais de duas décadas, o aumento das temperaturas lhe fez derreter o capacete de gelo que transportava permanentemente, fazendo minguar o seu cume em 5 metros e deixando-o 4 metros mais baixo que o Galdhoppigen (2.469m), o novo verdadeiro senhor das alturas em terras escandinavas (sobre 'glaciares' escreverei numa próxima crónica).
De qualquer forma, os 3 cumes mais elevados da Noruega estão todos situados no Parque Nacional Jotunheimen (300km a noroeste de Oslo). Subi aos dois mais altos. Mas porque é que não me satisfiz em subir ao mais alto, onde tudo correu tão bem, com um tempo tão bom!? Não! Tinha que voltar a meter-me na montanha e o ‘Tinto’ não me tirou a chuva de cima. Os ‘showers’ (alternância de chuva e sol), previstos para toda a semana, afinal não o foram no dia anterior e transformaram-se num ‘shower’ permanente neste dia – ou melhor, num banho de banheira, considerando o estado em que cheguei. Antes tivesse sido um shower de vinho! Após uns prados repositores, e a travessia de alguns riachos, aquela ladeira de cascalho com 500 metros de desnivel acentuado, repleta de rocha solta e escorregadia – como se a montanha regorgitasse pedra regular e permanentemente, não se sabe porque orifício -, tornou-se monótona sob a chuva míudinha ‘penetra tudo’ e fez-me recordar a minha corrida para o topo do Snowdonia (Gales) quando, inadvertidamente, pisei uma lage com liquenes e, num efeito de aquaplaning, fui cuspido para fora do trilho, voando 2 metros costa a baixo mas aterrando, por sorte, de rabo sobre a erva fofa...
Como curiosidades digo apenas que ninguém ali usa bastões, o que não sendo fundamental para as subidas, é de preciosa ajuda para amortecer as fortes descidas sobre pedras soltas e escorregadias. E também que, a denominação dos aeroportos está feita para te confundir: ao de Oslo chamam Gardemoen; ao de Rygge também chamam Moss; e ao de Sandfjord chamam também Torp. Acontece que todos estão nos arredores de Oslo (de 30 minutos a 2 horas) mas, ora utilizam um nome ora outro, indiscriminadamente...

Videos do topo da Noruega em http://www.youtube.com/watch?v=q2DHyNo5cp4