domingo, 29 de novembro de 2009

sábado, 28 de novembro de 2009

Ice Care #2 - A Partida ...

No dia 6 de Dezembro começa a Cimeira de Copenhaga, e a equipa Ice Care estará a caminho do monte Kilimanjaro. No dia 11 de Dezembro é assinalado o Dia Internacional da Montanha (http://www.fao.org/) e, com alguma sorte, justamente nessa data alcançaremos o tecto de África (5.896m) e os seus glaciares, acrescentando mais simbolismo à segunda expedição Ice Care.
A partida do team Ice Care é já no dia 4 Dez. Seremos 7, incluindo a antropóloga Joana RP que nos guiará na estadia com os Maasai para conhecer os problemas que estes enfrentam, a médica Cristina Pereira da HPP Saúde, e 3 participantes do ‘programa social’, que nos ajudarão a registar a redução dos glaciares do Kili. Na tomada de posições para a próxima cimeira de Copenhaga, a China prometia liderar a redução dos gases de efeito de estufa na próxima década. A India pretendia acompanhar, e os EUA não podiam deixar-se ficar para trás … Mas parece que já estão a recuar nestas intenções!
Ecologia e Sustentabilidade não são apenas uma ‘moda’. O projecto Ice Care (www.icecare.org) pretende reforçar esta ideia, apontando setas para as consequências do problema nos glaciares. Depois do impacto do filme do politico Al Gore, o fotógrafo James Balog publicou um video (19 min.) elucidativo sobre a evidência da redução dos glaciares a um ritmo alarmante. Vale a pena ver: http://www.ted.com/talks/james_balog_time_lapse_proof_of_extreme_ice_loss.html
(ver também www.time.com/time/health, de 2Nov09, e fotografias do Kili em: http://www.facebook.com/album.php?aid=161143&id=613684777&l=574e78d6f5)

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

do capítulo ‘Desporto de intervenção’ …

Trecho do capítulo ‘Desporto de intervenção’, de ‘Os novos Exploradores e a Aventura dos Sentidos’: “A primeira expedição Ice Care decorreu em Junho de 2009, entre Paris e o glaciar Aletsch, na Suiça. No dia 18, estacionei em Interlaken e, de bicicleta, pedalei 54km até Berna, onde dei uma entrevista ao Berner Zeitung antes de embarcar no TGV da tarde, rumo à capital francesa. Cinco horas depois e mais 9 km da Gare de Lyon ao hotel, na Boulevard de Grenelle, encontrei-me com o ZM. Eram 11 da noite. No dia seguinte, pedalámos por baixo da torre Eiffel e fomos dos campos Elísios ao museu do Louvre, até marcarem as 11 da manhã, hora combinada para reunir na sede da UNESCO. Passar a segurança apertada do edificio 7 da Praça Fontenoy não foi tarefa fácil. Um elemento mais zeloso, um russo com cara de Putin (não é pudim!), não queria deixar que estacionássemos as bicicletas dentro do recinto do edifício!? Niet! “Mas, temos as bicicletas carregadas de material, prontas para seguir viagem depois da reunião …”, exclamámos. Preparávamo-nos para entrar vestidos de calções de ciclismo e não tinhamos cadeados, porque isso significava peso extra. Após a chegada de uma assistente de direcção, de alguns contactos telefónicos mais e da espreitadela de um outro colega de função … Niet, niet !! A solução foi a estagiária, uma croata, vir cá fora e ficar de plantão às bibicletas durante a nossa reunião com o Director do Sector da Cultura, o Sr. Kishore Rao. Por ele tomámos conhecimento do fenómeno ‘black carbon’, apenas recentemente estudado: este, demonstra o efeito de aceleração do derretimento dos glaciares provocado pela deposição no gêlo de particulas de dióxido de carbono, libertado por queimadas e outras fontes de poluição próximas. Naquela tarde partimos em bicicleta para percorrer os 647 km que nos separavam de Lauterbrunnen. Devido às limitações de tempo, optámos por fazer rápidamente esta travessia, dando-nos alguma exigência física extra. Carregávamos cerca de 10 kg nas bicicletas de montanha, equipadas com pneus mistos (mais finos e velozes). Demorámos 5 dias e meio, com etapas de 90 a mais de 140 km diários. Nos primeiros dias as etapas mais longas e, na Suiça, as etapas mais curtas (Paris situa-se a uma altitude inferior a 100 metros e a fronteira, nas montanhas do Jura, fica a mais de 900). Nas duas primeiras noites dormimos ao relento, em camas cómodamente improvisadas em campos de trigo. Foram as melhores! Sem contar com o episódio em que o ZM acordou com uma lesma a arrastar-se na sua cara …. Com bom tempo, atravessámos as imensas planicies do centro de França (via Provins-Besançon), cobertas de canhâmo, papoila, trigo e vinha. Transportáva-mos a comida do dia e abasteciamo-nos en route para o dia seguinte. À hora das pausas para comer, o ZM tentava fazer o upload para actualizar os blogues. Eu procurava manter o ritmo e cumprir o plano, mas ainda assim tive que abandonar a ideia de percorrer algumas caminhos mais panorâmicos e secundários. No dia 27, com o título “Papoilas, cânhamo e champagne à Lagardère” deixei o seguinte apontamento no blog http://icecare.blogs.sapo.pt/: No final de uma subida suave, levantei-me do selim e olhei para trás. Um ponto côr de laranja em movimento destinguia-se com nitidez no fundo verde da paisagem. Era o Zé Maria com a sua camisola polar Trango. Ele entretinha-se com o seu iPod, tentando abstrair-se das dores num ombro e num joelho. Eu queria cumprir o plano da etapa. Ele queria fazer uploads no portátil dos filmes e fotos que fizemos. Ambos disfrutavamos das planícies a perder de vista, extensas plantações de papoila (vermelha e rosa), de cânhamo (!?!) e de vinhêdos de Champagne. Mas o melhor foram os campos de trigo que forneceram o acolchoado perfeito para as noites sossegadas nas camas improvisadas sob o céu de estrelas (... e de nuvens). Ao fim de dia e meio a pedalar, o GPS marcava 250 km acumulados (140 do segundo dia). O desnível acumulado (1300 metros) foi suave. Movemo-nos apenas entre os 80 e os 200 metros de altitude. Lá para o 5º dia temos que passar dos 300 aos 900 metros para passar as montanhas do Jura e entrar na Suiça !!!” … (continua ...)

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Hora de Responsabilidade ...

Nos dias conturbados em que vivemos, com os sucessivos escândalos económicos protagonizados pelos nossos politicos (alguns ex-), vem a propósito um trecho do meu próximo livro (já terminado e a aguardar publicação). Não para apaziguar a revolta que sentimos, mas para mostrar que há muito que os desportistas estão num domínio muito superior ao dos politicos, no plano ético e moral.
Em ‘Os novos Exploradores e a Aventura dos Sentidos’, escrevi: «O novelista inglês, Philip Kerr, autor do livro ‘The Book of Lies’, uma antologia de contos de falsidades, explica como as pessoas terão desenvolvido uma atitude de resignação face aos escândalos sem fim, que se verificam no mundo da politica e dos negócios (dos casos de inside trading aos de financiamento de campanhas partidárias, etc). Mas aceitar isso num desportista ou aventureiro, é outra coisa: “o desporto parece ser muito mais importante para as pessoas do que a politica (…) O desporto cruza as fronteiras étnicas e partidárias. Ocupa um dominio superior, e torna-se muito mais decepcionante quando figuras do desporto revelam ser, afinal, como toda a gente”. De acordo com esta análise parece estar o sociólogo australiano, John Barnes, autor do livro ‘A Pack of Lies’ - um estudo da história e sociologia da mentira. Diz ele que “o desporto implica um contraste com as considerações mundanas de trabalhar para ganhar a vida (…) Ser um desportista significa ser altruista.» …
Um amigo (que afinal eu não conheço assim tão bem) queixava-se que para fazer 5 milhões (possivel em Inglaterra mas não em Portigal, dizia) “não basta roubar, é preciso roubar muito” …. Questiono eu: mas porque é que se criou esta mania de que é preciso ter milhões para viver bem ?!? Lembro uma citação de ‘Viagens na minha Terra’ de Almeida Garrett (crónica de 19-07.09, em http://cronicasdozezinho.blogspot.com/): “E eu pergunto … se já calcularam o número de indíviduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, … para produzir um rico. (…) cada homem rico, abastado, custa centos de infelizes, de miseráveis.”
Fernando Nobre, fundador da AMI, conta no seu livro ‘Viagens contra a indiferença’, a longa caminhada de mais de 25 anos da sua “saga humanitária” para combater o que considera “as duas piores doenças da Humanidade: a Indiferença e a Intolerância”. Ora, nesta altura, parece-me que ‘responsabilidade’, ou neste caso a falta dela, é outra das ‘doenças’ que mais afecta a nossa sociedade e caberia neste lote. Falta-nos ‘responsabilidade’ para lidar com os problemas das pessoas, os problemas do país e os do planeta. Neste momento discute-se o futuro do planeta (na preparação da cimeira de Copenhaga) e parece que não há sensibilidade nem coragem politica para tomar as medidas necessárias. Creio que só chega a ver este problema com clareza alguém que passe por uma destas combinações (dose de ironia): inteligência e sensibilidade; muito dinheiro e aborrecimento; educação (académica) e séria degradação das condições económicas (o meu caso). Pede-se responsabilidade e bom senso …