terça-feira, 14 de julho de 2009

Vulcões de Auvergne

«Diz o ditado japonês que ‘aquele que sobe o Monte Fuji uma vez é sábio, aquele que o sobe segunda vez é tonto’. Pois, Doug Szwarc subiu-o 4 vezes seguidas … em 24 horas …. Este tenente da marinha americana, destacado na base naval de Yokosuka (Japão), e 3 companheiros, lançaram-se neste empreendimento no dia 1 de Setembro de 2008. Pretendiam bater o recorde do ano anterior – 3 subidas em menos de 24 horas e 5.000 $Usd de donativos recolhidos, e doados em forma de equipamento ao Orfanato ‘Shunkou Gakuen’. Então, Szwarc e DeGroot subiram 3 vezes ao cume da montanha mais alta do Japão (3.776m), em 23h38m. O novo desafio, ‘4 em 24’ (4 subidas em 24h), equivale à subida do Kilimanjaro num só dia e não representa “um mero acto de vaidade”, como disse Raney, um dos participantes. É que os militares pretendem também alcançar os 10.000 $Usd em donativos, que reverterão para caridade. Este evento recebeu particular atenção dos media japoneses, e contribuio para o estreitamento de laços de amizade entre comunidades japonesas e americanas.»
Este é um parágrafo do meu próximo livro. Demonstra como ‘desporto e viagens de aventura’ estão a evoluir para um novo paradigma: fazer alguma coisa pelo planeta e pelos outros … Chamamos-lhe ‘desporto de intervenção’. É um pouco isso que pretendemos com o projecto Ice Care (actualizações em http://icecare.blogs.sapo.pt/).
Entretanto, na minha última viagem para a Suiça, passei na região de Auvergne (no centro de França) - um nicho de concentrado de vulcões. São mais de 80! Esta cadeia de vulcões única na Europa, representa um conjunto geológico assinalável pois crateras e abóbodas estão pouco erodidas e conservam as suas formas originais. Além dos vulcões, inactivos, o Parque Natural Regional dos Vulcões de Auvergne, uma área de 395.000 hectares, com 670km de caminhos balizados, concentra nascentes como a das águas minerais Volvic, lagos como o Lastioulles ou o Pavin, este com 800 metros de diâmetro e 92 de profundidade, também ele a cratera de um antigo vulcão, aldeias tipicas e castelos …. No centro deste parque, ergue-se o mais elevado vulcão – o Puy de Sancy (1.886m), um strato-vulcão com 1,2 milhões de anos. A cadeia de Puys, onde sobressai o Dôme, é de formação muito mais recente (entre 100.000 e 7.000 anos). Mais em http://www.parc-volcans-auvergne.com/. Numa tarde de céu limpo subi a 3 deles (mais fotos em http://www.facebook.com/album.php?aid=130398&id=613684777&l=09b75cbe22 ): o Montchal (1.411m), o Puy Dôme (1.465m) e Pariou. O Dôme é um simbolo na região, visitado por mais de 400.000 pessoas/ano, sendo que algumas optam por subir a pé e descer com um guia em parapente.
Com estas subidas fáceis, de pouco mais de uma hora cada, mantive-me em forma para o que se seguia (viagem Ice Care) e elevei para 15 o número de cumes de vulcões visitados, incluindo o Kilimanjaro, os Capelinhos e o Pico (nos Açores), Fira, na Grécia, ou Kilauea no Hawai. O Monte Fuji ainda não consta na minha lista ...

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Glaciares em agonia

Nas Crónicas do Zézinho (http://cronicasdozezinho.blogspot.com/ de 11.03.2009), com o título ‘Glaciares Património da Humanidade’, deixei alguns dados sobre a paisagem protegida Jungfrau-Aletsch-Bietschhorn e a redução do glaciar Aletsch (na Suiça). Agora, estive a folhear o livro ‘Gletscher im Treibaus’ (glaciares na estufa), de Wolfgang Zängl e Sylvia Hamberger (edição Tecklenborg Verlag, de 2004), que me foi recomendado por Ralph Manz, representante da WWF em Brig, com quem reuni em Junho, no âmbito do projecto Ice Care (mais em http://icecare.blogs.sapo.pt/). Básicamente, são comparadas fotografias de vários glaciares dos Alpes, tiradas recentemente, com outras dos mesmos locais, feitas no inicio do século XX (entre 1900 e 1940). Não se trata de procurar as ‘7 diferenças’ - estas são óbvias! Outros números preocupantes são adiantados: a temperatura média do ar no Ártico subiu 5º C nos últimos 100 anos; na Antártida, a temperatura aumentou 2,5º C nos últimos 50 anos – com temperaturas acima de 0º, durante o verão; os glaciares da Patagónia argentina e chilena perdem 40 km cúbicos de volume, por ano; o Kilimanjaro perdeu no último século 80% da sua neve e gêlo, prevendo-se que este desapareça por completo entre 2015 e 2020 …

As quantidades de dióxido de carbono resultantes da queima de recursos fósseis, lançadas na atmosfera pelo Homem, acabaram por deixar uma marca indelével em 2003 – neste ano registaram-se temperaturas recorde e o derretimento dos glaciares representou 5 a 10% das perdas totais até então verificadas nas reservas de gêlo dos Alpes, segundo cálculos de pesquisadores suiços. O aquecimento global representa, a prazo, não só o “desaparecimento dos glaciares, mas também uma alteração dramática das condições de vida das populações – com consequências para todos.”
Numa campanha com imagens impactantes, a WWF apresentou um postal com uma caravana de uns 10 camelos que atravessam as areias do deserto em direcção à montanha Cervino (ou Matterhorn) …

sábado, 4 de julho de 2009

Trovoada nos Alpes Rätikon

Aproveitando a embalagem das travessias Paris-Suiça em bicicleta e glaciar Aletsch a pé, prolonguei a minha estadia na Suiça e ascendi ao cume mais alto do Liechtenstein – o Grauspitze, a 2.599m. (dos 9 cumes mais altos da Europa Ocidental por país, com mais de 2.500 metros de altitude, falta-me agora apenas um).
Quando após umas 9 horas a caminhar pelas montanhas dos Alpes Rätikon (os que separam Suiça e Liechtenstein) fiquei sem água, fui surpreendido no cume do Falknis (2.560m) por uma estrondosa trovoada. Mas dessa água eu não queria beber … Era hora de apressar a descida !

Mais fotos no Facebook: http://www.facebook.com/album.php?aid=127471&id=613684777&saved#/album.php?aid=127471&id=613684777

Para quem queira ver a entrevista sobre o projecto Ice Care ao Berner Zeitung, em alemão (!!!), ver em: http://www.bernerzeitung.ch/region/thun/Von-Paris-nach-Lauterbrunnen-mit-dem-Velo/story/15267721 ou http://www.icecare.org/Media/Detalhes/1000263.ice