segunda-feira, 30 de março de 2009

Trecho do novo livro ‘Os Novos Exploradores e a Aventura dos Sentidos’

Segundo o ‘Índice Planeta Feliz’ de 2006, da Fundação Nova Economia, com toda a relatividade de uma medição desta natureza, os países ricos do norte da América e Europa apresentam, sem surpresas, os mais altos índices de felicidade ("Muito feliz"). Dinamarca e Suiça encabeçam a lista. Estudos demonstraram uma relação directa entre o nivel de educação de uma população e a sua felicidade. Poderiamos intuir aqui, também, uma relação entre riqueza material e felicidade …. No entanto, alguns estados insulares (ilhas das Caraíbas, Malta, Seychelles, ilhas do Pacífico), além de Emiratos Árabes, a Nova Zelândia, a Malásia e o Butão, surgem também entre os 25 primeiros. A China, que apresenta um rating de "Feliz", parece estar a atravessar um momento de grande crescimento económico e ainda maior de degradação ambiental - um estado de frenesim, contraditório com a imagem tradicional do estilo contemplativo do seu povo, com a prática do Tai Chi, com as filosofias confúcianas e budistas, e com o velho provérbio: "Se queres um ano de prosperidade, planta trigo. Se queres dez anos de prosperidade, planta árvores. Se queres cem anos de prosperidade, educa as pessoas". Ou talvez os chineses estejam a apostar sómente nos 10 anos de prosperidade …!?
De acordo com o documentário ‘Os rios e a vida - Yangtze’ (in, canal NG, 07.10.08), o sistema politico chinês exige "o sacrifício pessoal em nome de um bem maior". Isto significa: ‘sacrifica-se o povo e sacrifica-se a paisagem’ … Em 1998, as cheias do rio Yangtze alcançaram um recorde de 53 metros de altura, inundando uma área igual à da Nova Zelândia. Este facto obrigou à deslocação de 14 milhões de habitantes e originou custos de 30 mil milhões de dólares. Por outro lado, pressionou a decisão de construir a Barragem das Três Gargantas, com mais de 100 metros de altura e 2 km de largura, para domar as águas do Yangtze. A nova barragem, a maior alguma vez construida, vê-se do espaço e, como tal, é considerada ‘a segunda Muralha da China’. O projecto, que empregou 20.000 pessoas e custou 20 mil milhões USD, não deixa de ser controverso. A sua capacidade de controlar as águas é contestada, nomeadamente porque está construida sobre uma fenda geológica e porque, como assinalaram cientistas, o peso do reservatório pode provocar o efeito de um tremor de terra se a barragem ceder, o que originaria uma catástrofe com 75 milhões de habitantes em perigo. Em 2004 o nivel da água subio 50 metros a montante da barragem, provocando o desaparecimento da zona antiga da cidade de Vuhan. 1000 zonas arqueológicas foram também perdidas, bem como terras ricas para a agricultura e sustento de muitas familias.
A China está a ser urbanizada (em especial as novas cidades nas margens do Yantze) mais depressa do que qualquer outro país. O crescimento económico trazido pela barragem das 3 gargantas produz agora uma poluição descontrolada que está a destruir o rio (e os afluentes). O Yangtze absorve mais de 40% do lixo da China, enquanto 400 milhões de habitantes utilizam a sua água para beber. 70% das suas águas estarão inutilizadas em 5 anos. A contenção do lodo na barragem provoca problemas a jusante, nomeadamente no delta, uma das áreas mais densamente povoadas do globo - os pântanos encolhem, afectando o eco-sistema do rio e levando ao desaparecimento de espécies (o golfinho Banji foi considerado extinto). O Yantze está "encurralado num ciclo de crescimento" e a China pode estar a hipotecar o seu próprio futuro ao não poder sustentar aqueles niveis de crescimento …
(mais sobre o tema ‘crise’ nas crónicas 10, 13 e 14 de http://cronicasdozezinho.blogspot.com).

segunda-feira, 23 de março de 2009

A publicação de ‘Aventura ao Máximo’

Só no inicio de Março tive acesso a um exemplar do meu próprio livro ‘Aventura ao Máximo’. Devo dizer que fiquei orgulhoso com a edição e encantado com o aspecto, mas decepcionado com o conteúdo. Explico: as fotografias estão tão mal que mais valia não estarem (os originais são de qualidade); os cortes, omissões e alterações ao texto são de tal modo abusivas que não podem ser senão obra de um obsessivo ... (foram alteradas, inclusive, palavras da minha dedicatoria e citações de terceiros !?!; foram alteradas palavras que constituem nuances que apenas devem pertencer ao autor – ‘performance’ por desempenho, ‘resumo’ por suma, ‘kayak’ por caiaque ...; e outras que desvirtuam o sentido da frase – ‘balão de ar ...' por botija de oxigénio …; a mais abusiva talvez seja a de mudar ‘… colaborou com Volta ao Mundo, Mundo Nautico…’ para "colabora nas revistas …"!?!). Na verdade, parece-me que não houve um parágrafo que não tenha sofrido modificações. Não surpreende, pois, que demorem tanto tempo a preparar uma edição. Finalmente, o número de exemplares da edição não consta no próprio livro ...
Tenho recebido feedback positivo de leitores e amigos sobre o livro, mas quase sempre me referem a má imagem das fotografias … Peço aqui as minhas desculpas aos leitores, pois as alterações e omissões efectuadas pelo editor em nada beneficiaram a publicação (pelo contrário, desvirtuam e empobrecem o original do autor) . Ainda assim, o leitor não perde o essencial da informação.
A minha segunda proposta sobre o tema viagens de aventura - ‘Os novos exploradores e a aventura dos sentidos’ (ou Aventura ao Máximo II) está practicamente finalizada. Estou esperançado de que tenha melhor sorte na edição e na promoção …