Um amigo (que afinal eu não conheço assim tão bem) queixava-se que para fazer 5 milhões (possivel em Inglaterra mas não em Portigal, dizia) “não basta roubar, é preciso roubar muito” …. Questiono eu: mas porque é que se criou esta mania de que é preciso ter milhões para viver bem ?!? Lembro uma citação de ‘Viagens na minha Terra’ de Almeida Garrett (crónica de 19-07.09, em http://cronicasdozezinho.blogspot.com/): “E eu pergunto … se já calcularam o número de indíviduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, … para produzir um rico. (…) cada homem rico, abastado, custa centos de infelizes, de miseráveis.”
Fernando Nobre, fundador da AMI, conta no seu livro ‘Viagens contra a indiferença’, a longa caminhada de mais de 25 anos da sua “saga humanitária” para combater o que considera “as duas piores doenças da Humanidade: a Indiferença e a Intolerância”. Ora, nesta altura, parece-me que ‘responsabilidade’, ou neste caso a falta dela, é outra das ‘doenças’ que mais afecta a nossa sociedade e caberia neste lote. Falta-nos ‘responsabilidade’ para lidar com os problemas das pessoas, os problemas do país e os do planeta. Neste momento discute-se o futuro do planeta (na preparação da cimeira de Copenhaga) e parece que não há sensibilidade nem coragem politica para tomar as medidas necessárias. Creio que só chega a ver este problema com clareza alguém que passe por uma destas combinações (dose de ironia): inteligência e sensibilidade; muito dinheiro e aborrecimento; educação (académica) e séria degradação das condições económicas (o meu caso). Pede-se responsabilidade e bom senso …
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