Num momento absolutamente monótono - estou ‘fechado’ em casa há mais de duas semanas, à espera de ser enviado para Sevilha para ser operado ao joelho (em consequência do acidente de ski), e entretenho-me a ver o cabelo crescer e a procurar clareiras na barriga para diáriamente lhe espetar a seringa de heparina, o anti-coagulante -, recordo uma travessia completamente solitária, envolta por um horizonte branco e infinito: foi no longo e monótono vale do glaciar Kahiltna, no Denali, onde vivi um dos meus momentos zen …
No meu novo livro (já concluido) falo duma investigação em que John Geiger, dando exemplos de sobreviventes em ambientes extremos, conclui que «o homem procura constantemente novos estímulos em novos ambientes para contornar a monotonia. É um facto que cada vez há mais pessoas a participar em viagens de resistência, em ambientes extremos e invulgares. Exploradores polares, alpinistas, marinheiros solitários, aviadores e astronautas, são os frequentadores destas áreas (montanhas, selvas, desertos, campos de neve, oceano e espaço), onde o ambiente de estímulo externo permanece relativamente inalterado e homogéneo. Estas pessoas, normalmente, têm como caracteristica pessoal um maior grau de ‘abertura à experiência’, que se traduz numa maior “vontade de explorar, considerar e tolerar experiências, ideias e sensações novas e não familiares”. Mas, como notou Geiger, “o cérebro depende da estimulação contínua resultante do bombardeamento sensorial”. Ao permanecer exposto àquele tipo de ambientes difíceis, caracterizados por um baixo nível de estímulo, por isolamento e monotonia sensorial, o potêncial de acidentes resulta duplamente agravado. A conclusão do autor é interessante: “É um facto curioso que os exploradores se sintam impelidos para ambientes rigidamente monótonos num esforço para escapar da … monotonia.”
(next: apontamentos da expedição no Alaska …)
Fotos: glaciar Alasca
No meu novo livro (já concluido) falo duma investigação em que John Geiger, dando exemplos de sobreviventes em ambientes extremos, conclui que «o homem procura constantemente novos estímulos em novos ambientes para contornar a monotonia. É um facto que cada vez há mais pessoas a participar em viagens de resistência, em ambientes extremos e invulgares. Exploradores polares, alpinistas, marinheiros solitários, aviadores e astronautas, são os frequentadores destas áreas (montanhas, selvas, desertos, campos de neve, oceano e espaço), onde o ambiente de estímulo externo permanece relativamente inalterado e homogéneo. Estas pessoas, normalmente, têm como caracteristica pessoal um maior grau de ‘abertura à experiência’, que se traduz numa maior “vontade de explorar, considerar e tolerar experiências, ideias e sensações novas e não familiares”. Mas, como notou Geiger, “o cérebro depende da estimulação contínua resultante do bombardeamento sensorial”. Ao permanecer exposto àquele tipo de ambientes difíceis, caracterizados por um baixo nível de estímulo, por isolamento e monotonia sensorial, o potêncial de acidentes resulta duplamente agravado. A conclusão do autor é interessante: “É um facto curioso que os exploradores se sintam impelidos para ambientes rigidamente monótonos num esforço para escapar da … monotonia.”
(next: apontamentos da expedição no Alaska …)
Fotos: glaciar Alasca