‘Horizonte branco’ era
o título da minha crónica sobre a travessia do longo e inóspito glaciar
de Talkitna, no coração de uma amálgama de montanhas.
Aqui fica uma passagem do livro (já disponível): «... É branco apenas pela
cor da envolvente... essa mesma envolvente que, por sua vez, facilita a
produção de pensamentos bastante ricos e coloridos. ‘Horizonte Branco’ transformou-se
no titulo deste livro porque este retrata, sobretudo, situações vividas na alta
montanha, onde quase tudo é branco. O grito da montanha, e dos espaços abertos,
que chama, cativa e prende alguns de nós, mas que também permite e motiva reflexões
mais profundas. Tudo é branco mas não em permanência. É um branco ‘intermitente’,
como as nossas emoções ou a inspiração criativa. Por vezes acordamos e vemos um
manto de neve branca, num campo de visão limitado ao fundo ofuscado pela névoa;
mas se o sol desperta, lá pelo meio dia a fina capa de neve brilhante das
altitudes inferiores derrete e dá lugar aos tons castanhos e cinza das rochas
predominantes. Por vezes, as nuvens permitem apenas imaginar o que se esconde
para lá daquele lençol semi-opaco, estendido entre os nossos olhos e o
horizonte imaginado. Mas cada vez que aquelas se dispersam e deixam que se alargue
o nosso horizonte visual para um quase infinito, não podemos evitar soltar uma
exclamação de admiração (...)
Também as travessias destes horizontes brancos produzem emoções (coloridas
ou monocromáticas, entre elas a solidão), conhecimento e inspiração...
A faceta cruel é precisamente a que condiciona as nossas prioridades ali,
remetendo para segundo plano os nossos egoísmos, a mesquinhez, o
desenvolvimento dentro de nós de caprichos de comodismo, vaidade e luxúria (…) A viagem por estes horizontes
começou, talvez, nos Pirinéus ou nos Alpes. Adquiriu contornos, eventualmente,
na cordilheira andina. Germinou, possivelmente, nas montanhas do Cáucaso.
Seguramente ganhou corpo no Alasca e nos maiores e mais longos glaciares da Europa e África. Materializou-se nos Himalaias, a cordilheira
que acomoda as mais altas montanhas do mundo, onde muitos se candidatam a passar
por diferentes tipos de ‘sofrimento’ mas só uns poucos encontram verdadeira justificação
para tal!»
O novo livro inclui a história da descida em esquis de mais de 8 mil metros e o programa Ice Watch (http://glacierwatch.blogspot.com) de visita a diversos glaciares em regressão!
O que achas da capa e do trecho? Encomendas ao autor ou em: http://www.bubok.pt/livros/5833/Horizonte-Branco--reflexoes-da-montanha
Foto: glaciar Gebrayak, no Tibete, e campo 1 do Cho Oyu - vista desde a altitude de 8 mil metros
trata do Livro 'Os novos exploradores lusos', suas sequelas, e outras crónicas de viagens...
terça-feira, 10 de julho de 2012
segunda-feira, 18 de junho de 2012
Esquiar a 8 mil metros e remar no Atlântico…
No meu próximo livro, ‘Horizonte Branco – reflexões da montanha’, conto fases da passagem pelo Cho Oyu, a montanha de 8 mil metros da qual desci a esquiar. Aqui recordo um trecho sobre uma ‘Semana Diabólica na montanha’: “dia 18Set. Tremor de terra (mata 15 no norte da Índia, o local do epicentro, e 5 em Kathmandu), seguido de avalanche perto do ABC; 22Set. Todo o acampamento desperta com tosse; 24Set. Avalanche chega a 10 metros do C2; notícia de 3 mortos em avalanche noutra montanha; 25Set. Morre um checo junto ao serac – fica 3 dias lá exposto; queda de avião turístico em Katmandu mata 19; 26Set. Desiste o 3º italiano; maior nevão, paralisa tudo; 27Set. Morre alemão soterrado na tenda; chegam de C1 várias pessoas com frostbite e outras afecções; 1Out. Rocei o cume e desci em esquis (curto vídeo em http://www.youtube.com/watch?v=kRUM1xx18-s), com princípios de congelações nos pés”.
A ligação entre os dois projectos é que o primeiro, além de pretender analisar a redução de glaciares dos Himalaias (http://glacierwatch.blogspot.com), pretendia canalizar atenções para o seguinte... entretanto, a meio da preparação para a travessia do Atlântico, fui subir o Almansor (Serra de Gredos): junto com o Nuno, cheguei ao cume de 2.592m sem problemas. Agora, de novo me ocupa a travessia oceânica a remos: aumentam as desigualdades; aumenta a diferença entre ricos e pobres; aumenta o desemprego; aumenta a criminalidade; aumenta o consumo de recursos naturais; aumenta a degradação ambiental… Quando tudo isto aumenta na nossa sociedade, não é difícil augurar um futuro complicado para todos. Tal como não é difícil suspeitar que todos estes problemas têm uma origem comum… A mensagem a transmitir com a travessia do Paraguaçú pretende alertar para a necessidade de um maior controle das duas últimas variáveis elencadas (seguir em http://travessiaoceanica.blogspot.com).
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